19 de setembro de 2012

MEMÓRIAS DE CRIANÇA 3



Criança é um bicho do avesso. Sempre fui crédula, acreditava em tudo que ouvia. Era uma manhã linda, ensolarada, vida simples, brincar com a vizinha era o máximo. Ela tinha um fogão adaptado que podia ser feito comidinha de verdade, um luxo. Era feito de tijolos, grelha velha e carvão. Pensou que era algo futurista? Anos 70, tudo que ultrapassava o poder do meu fogão de plástico comprado na feira popular, era invejado. Sem essa conversinha tola de inveja branca, a minha era roxa mesmo. Eu e Soninha fazíamos arroz e ovo, como diz Caco Antibes: Não basta ser pobre, tem que brincar de comer ovo! Eu toda feliz e com uma raivinha velada, raivinha sim, eu nunca podia cozinhar. Soninha a chatinha dizia que eu era pequena para mexer no fogo, ai que ódioooo! Voltando, eu feliz, vejo e escuto meu irmão gritando do outro lado da cerca: A mãe comprou guaranáááá, a mãe comprou guaranááá! Naquele tempo era difícil ter refrigerante em casa, era limonada ou laranjada, tempos de vacas magras. Lá fui eu, saltitante pegar minha garrafinha. Quando fui pular a cerca, o generoso do meu irmão já estava com ela nas mãos e me deu com um sorriso lindo. A gula falou alto e eu virei na boca. Arckkkkkkk! Era urina, o FDP saiu rindo, debochando e como sempre feliz em ter visto eu infeliz.

Resumo da ópera: Fiquei com raiva, triste e decepcionada. O danado tinha me enganado mais uma vez. Diabo de moleque!

Conclusão: Nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que ouvimos é real e para podemos usufruir de certos prazeres precisamos antes observar, avaliar e constatar se aquilo realmente irá nos fazer bem e feliz. Tudo que é feito no impulso, no calor das emoções e na credulidade, nem sempre é o melhor para nós. 

Rubia Zaia...lembrando

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