O que é magia? Dificilmente esta palavra será totalmente desconhecida para uma pessoa do nosso tempo. Muitas imagens surgem em nossa mente quando nos perguntamos o que seria a magia.
Desde os filmes de terror até os mágicos ilusionistas ou mesmo os contos de fadas, várias imagens são associadas popularmente à prática e ao estudo da magia.
O estudante que tenha algum conhecimento prévio do tema logo buscará afastar estas idéias formadas pelo imaginário popular por se tratarem de fantasias supersticiosas e por muitas vezes preconceituosas. Mas se observarmos estas imagens com um pouco mais de desprendimento perceberemos que todas elas não estão assim tão distantes de uma conceituação possível de magia.
Certamente a figura da bruxa má dos contos de fadas ou dos adoradores de entidades malignas dos filmes de terror não apresentam uma imagem que tenha qualquer relação com o praticante real da magia. Afinal são fábulas e histórias que não tem qualquer compromisso com a realidade que não o simbolismo. Também o mágico que exibe seus dons ao público para diverti-los não pode ser abraçado como uma imagem adequada para buscar o real sentido da magia. Mas todos estes personagens tem uma coisa em comum: seus feitos que desafiam a lógica e a própria realidade. Sempre que pensamos em magia trazemos a nossa mente alguma imagem vinculada a realização de feitos sobrenaturais. E isso não está tão longe assim da verdade.
A verdadeira bruxa ou bruxo, apesar de distante das figuras mencionadas, traz consigo esta característica presente no imaginário popular. É capaz de realizar proezas que desafiam o entendimento comum sobre a natureza. Feitos considerados sobrenaturais. Não como as ilusões dos mágicos mas verdadeiras alterações na natureza manifestadas através de efeitos totalmente perceptíveis mas cujas causas desafiam as concepções da ciência comum. Mover objetos sem toca-los, produzir sons sem fonte aparente, alterar fenômenos naturais como os ventos e a chuva, entrar com contato com criaturas invisíveis obtendo delas informações ou incitando-as a manifestarem-se no mundo visível comprovando assim sua existência e tantos outros fenômenos são possíveis através da prática da magia.
Esta é a arte de provocar efeitos e alterações na natureza de acordo com a vontade da bruxa(o) mas utilizando-se de técnicas ou mecanismos desconhecidos ou não investigados pela ciência moderna.
E aqui não há nada de sobrenatural. Nada pode acontecer na natureza que transgrida alguma de suas leis. Tudo o que ocorre na natureza é, por definição, natural. Mas se algum efeito nos parece sobrenatural isso só demonstra nossa incapacidade em compreender os princípios envolvidos no processo. Assim a bruxa(o) é uma investigadora dos processos da natureza expandindo seu campo de estudos além do mundo sensorial tocando e interagindo com as forças e princípios naturais que estão ocultos aos olhos dos homens comuns.
Este tipo de estudo vem sendo realizado ao longo de toda a história da humanidade e entre todos os povos em todas as épocas podemos encontrar relatos de homens e mulheres que se dedicaram ao estudo e à prática da magia.
Mas, em nossos dias de tecnologia e modernidades, para que serviria o estudo da magia?
Conhecer as forças ocultas da natureza e saber como maneja-las sempre nos oferecerá possibilidades que vão além da tecnologia convencional. Quando falamos na aplicação da magia para provocar alterações sobre a natureza não nos referimos apenas à tarefa de gerar os mesmos fenômenos verificáveis através de meios cotidianos mas agora com métodos mágicos. A magia oferece a possibilidade de comandar forças da natureza capazes de gerar efeitos que seriam impossíveis pela ciência convencional. Quando expandimos nosso campo de interação com a natureza expandimos também nossas possibilidades de resultados a serem obtidos. A magia, apesar de muito antiga, ainda se demonstra uma tecnologia muito mais avançada do que a atingida pela ciência atual por lidar com uma gama muito mais ampla de matéria-prima e de campos de atuação. Muito do que uma boa bruxa(a) é capaz de fazer ainda pode ser considerado um milagre impossível de ser reproduzido pela ciência. Isso por si só já é um grande motivo para estudar a magia em nossos tempos.
Além de oferecer ao estudante desta ciência a possibilidade de controlar as forças da natureza a magia oferece também todo um caminho de transformação interior e de expansão da consciência. Magia lida com controle sobre a natureza e esta pode ser tanto a natureza exterior quanto a natureza interior. Transformar o mundo que nos cerca é possível mas muito mais nobre e laborioso é transformar o nosso mundo interior. E a própria prática da magia externa provocará expontaneamente uma transformação interior na bruxa(o). A magia é, em última instância, um sistema de reeducação interna e de despertar da consciência. Sua prática constante moldará, através dos feitos externos, o mundo interior da bruxa(o) e a medida em que ela exerce sua vontade sobre a natureza esta vontade se torna mais forte e a própria bruxa(o) se integra à natureza. Este é um processo de gestação de um novo indivíduo que inicia seu caminho interagindo com as forças ocultas da criação e vai pouco a pouco integrando-se a elas até fazer parte destas mesmas forças tornando-se um verdadeiro agente da criação.
Nos primeiros estágios ou contatos com esta ciência a magia é normalmente utilizada para resolver os problemas mais cotidianos e para auxiliar no dia-a-dia da bruxa(o). Com o passar do tempo e através da prática e do estudo constante a bruxa(o) vai inserindo um caráter mais profundo em seus estudos de forma natural.
A magia é um instrumento de ação e de transformação. Ela pode ser utilizada para qualquer finalidade. Como instrumento ela não é boa nem má. Ela é simplesmente natural. A ética no uso e na aplicação da magia começam e terminam na própria bruxa(o). Também, como processo de transformação interior, os resultados obtidos pela aplicação destas técnicas dependerão da conduta, dos métodos e dos propósitos de cada um. A magia é apenas um instrumento. O homem colhe aquilo que planta e qualquer conseqüência decorrente da aplicação das técnicas da magia se devem as escolhas e as aplicações feitas pela bruxa(o).
A prática da magia oferece para quem a estuda uma nova perspectiva do mundo que o cerca. Uma nova postura ante a natureza é tomada e uma transformação interior se inicia. Grandes possibilidades e grandes poderes são oferecidos. Mas tudo isso demanda responsabilidade. Não porque a pessoa será punido por forças invisíveis mas pelo simples princípio do retorno.
Você que aspira aos mistérios da natureza siga sua jornada com passos fortes e decididos, com coragem, ousadia e sem temores. Mas guie cada passo com o discernimento e o estudo e mantenha sempre seu olhar no objetivo traçado. Estude os ensinamentos deixados pelos antigos professores. Siga os passos deles e compreenda o legado que eles nos deixaram antes de caminhar com suas próprias pernas.
O estudo da magia exige coragem e ímpeto. Este é um caminho de experimentação prática e de investigação. A crença deve ser um estágio a ser superado logo nos primeiros passos através do conhecimento direto. Este é um caminho de ação. Mas é também um caminho de estudo constante e de pesquisa intensa. Teoria e prática devem sempre caminhar juntas em perfeito equilíbrio. O legado dos antigos conhecedores dessa arte registrados em seus textos não deve ser ignorado. O discernimento e a cultura são a base do buscador e eles evitarão os erros. Estude e pratique. Este é o caminho!
Beijos
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